Andrômeda
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Gaius Drummond
Gaius Drummond
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Data de inscrição : 26/01/2021

Uma luz na escuridão - Gaius Drummond Empty Uma luz na escuridão - Gaius Drummond

Dom Fev 21, 2021 10:50 pm
Gaius Drummond


O corpo de Gaius começava a desaparecer. Olhou para o lado e viu o mesmo acontecer com Lucila e Zak. A garota se despediu e o senador retribuiu com um aceno de cabeça, e então ela evaporou no ar, assim como o homem raio.

Violety. - chamou, aproximando-se dela e colocando uma mão em seu ombro - Prometo que irei ajudar vocês dois. Se precisar de mim aqui está meu número - tirou um cartão do bolso de seu blazer e entregou nas mãos da jovem - e você também sabe onde fica meu gabinete - deu alguns passos para trás - Me leve pra minha casa. Estou pronto.
E então desapareceu.

A "viagem" havia sido como se tivesse fechado os olhos em um local e aberto e estivesse em outro. Quando se deu conta estava sentado em seu sofá. Olhou para o relógio e era ainda era madrugada. Tinha mais algumas horas para dormir. Seria um longo dia, tinha seu discurso pela manhã no Senado e pretendia acabar logo com toda a situação envolvendo o Luz da Manhã no período da tarde. Exausto, deitou-se ali mesmo no sofá e dormiu. Acordou um tempo depois, tomou um banho e se vestiu. Ligou a TV, passava uma reportagem sobre uma batalha entre super-humanos na Zona Diamante na noite anterior. Imagens gravadas por moradores mostravam que uma das super era Skyle, integrante do grupo terrorista O Dez Anômalos. Após tomar seu café da manhã, arrumou uma mala com alguns pertences que poderia precisar durante o resgate do Luz da Manhã, colocou-a no banco do passageiro de sua Volvo.

Seguiu para a Fortaleza Venezuana, haviam muitos jornalistas, a maioria queriam mesmo era a atenção da nova Administradora, Sarah Blake, ou conseguir uma breve entrevista com a Presidente Garden se ela fosse comparecer. Seu discurso foi rápido, passou a vez para que Layla Foldier desse explicações e depois foi a vez de Sarah. A senadora fez um discurso de união, reafimando que o Governo puniria os conspiradores e criminosos e que de agora em diante agiria para o bem de todos, tanto humanos como supers. Um bom discurso, afinal, precisaria fazer seu marketing e criar uma boa primeira impressão para a população.

Após o término das falas de Blake, dirigiu-se para a saída. Onde foi cercado por repórteres cheios de perguntas.

- Senhor senador! - gritou uma mulher aproximando um microfone - Por que decidiu não assumir a frente do PNV?

- Eu fiquei muito feliz com a indicação e me sinto honrado pelos meus colegas, mas meu partido é o PRV e eu pretendo continuar nele. O partido estará sm boas mãos sob o comando de Layla. Foi um decisão acertada. Ela está no partido a bastante tempo, conhece bem a casa que irá comandar.

- Ainda há muitos amigos de Gowbbs dentro do partido, Layla irá mantê-los lá? - perguntou um outro repórter.

- Se não for confirmada a participação deles em nenhum ato ilegal não vejo porque tirá-los. Seria inconstitucional.

- Ontem houve uma festa comemorativa ao fim da perseguição contra os supers. Não acha que apenas acabar com a Elite é pouca coisa a se comemorar? Quais os próximos passos para acabar de vez com o preconceito?

- A inclusão completa pode levar um tempo, iremos trabalhar para acelerar este processo. O primeiro passo foi acabar com as prisões sem necessidade e o genocídio. Temos agora que conscientizar toda a sociedade para que abrace essa inclusão. Tenho certeza que Emma e Sarah trabalharão para que isso ocorre de uma forma gradual.

- Senador, pegando um gancho em sua fala, por que a Presidente Emma não te escolheu para o cargo de Administrador da Fortaleza Venezuana, já que o senhor pertence ao PRV?

- Não cabe a mim julgar as escolhas da presidente. Sarah é uma ótima profissional. - respondeu rapidamente - Infelizmente tenho assuntos para resolver agora e terei que deixá-los. Obrigado.

Caminhou entre os repórteres em direção à saída enquanto era bombardeado de perguntas. Foi direto para o seu carro e depois dirigiu até a zona portuária de Andrômeda. No local não havia residências, apenas grandes empresas de distribuição e galpões logísticos. Grandes navios cargueiros e montes de containers empilhados enfeitavam o horizonte. Parou o carro no estacionamento de uma das empresas, antes de sair do carro, abriu a mochila que havia montado. Tirou de dentro um sobretudo preto e colocou por cima dos ombros uma longa capa da mesma cor. Continuava sendo uma figura pública, esconder sua identidade era prioridade. Desceu do carro cobrindo grande parte do rosto com o capuz. Andou alguns minutos procurando o suposto píer onde o super estaria aprisionado.

"O Luz da Manhã está no píer. Sua alma foi devolvida para seu corpo mas está muito exausto para fugir da jaula que o prenderam... seja rápido, Gaius... Se Agnes descobrir que ele voltou, pode ser o fim". Lembrou-se da fala do 869. "Isso é loucura", pensou.

Após uma longa caminhada, se deparou com o píer. Uma grande estrutura que se estendia em direção ao mar. Em sua ponta, havia um pequeno galpão e em suas laterais alguns navios descomissionados. Pelo estado em que se encontrava, aquele local parecia abandonado e não utilizado há um bom tempo. Caminhando em direção ao galpão notou algumas câmeras nos navios filmando a entrada do píer. Olhou para todos os lados, observando se havia alguém ali perto. Para sua sorte aquele local estava vazio e silencioso. Abriu os dois braços, com as mãos abertas apontando para as embarcações da direita e esquerda. Fechou seus olhos, tentando mentalizar seu poder. Ouviu o ranger do metal, mas nada além disso.

- Merda! - exclamou. Suspirou e voltou a fechar os olhos e a fazer mais força nas pontas do dedos dessa vez. - Grrrr.

O ranger do metal voltou. O atrito de metal batendo em metal começou a aumentar. Os dois navios começaram a vibrar e a água parada do mar agitava-se levemente. Num instante as proas e as popas atrofiaram rapidamente. As câmeras de segurança visíveis estourram disparando faíscas. Os dois barcos afundaram cerca de dois metros batendo do fundo do oceano. Muito barulho foi feito. Gaius correu depressa até o galpão, segurando o capuz para esconder seu rosto. Um cadeado mantinha a porta fechado, não necessitou de muito esforço para abri-la.

Ao adentrar encontrou uma pequena jaula. Dentro dela um homem estava caído e desacordado. Era negro, alto e forte. Usava uma roupa branca colada ao seu corpo musculoso e uma capa de cor dourada. "Só pode ser ele". O senador fez um movimento com as mãos e as barras de ferros voaram. Andou até Luz da Manhã, levantando sua cabeça.

- Ei, acorde - chacoalhou o super - acorde!

- Água... - disse o rapaz  - Água...

- Água, ok, fique aqui e me espere. "Acho que não tem como ele ir a algum lugar.

Gaius correu para fora. Voltou algum tempo depois trazendo uma garrafa d'água. O rapaz estava com os olhos fechados, mas já consciente.

- Beba um pouco - colocou o bico da garrafa na boca do super, que tomou um grande gole.

- Obrigado - abriu os olhos pela primeira vez e fitou Gaius - Um homem, tão cego quanto eu, cercado de mentiras e de luxo, vai erguer você. Foi isso que A Profeta me falou. Agora eu entendo a frase dela, senador.

- Não acho que seja o momento para julgar meus atos. Vamos sair daqui primeiro - levantou o rapaz com bastante esforço, passando seu braço em volta de seus ombros.

- Sabe a quanto tempo fiquei desacordado?

- Não me faça perguntas difíceis... não tenho a mínima idéia. Você tem um nome?

- Me chamo Edd.

- Então Edd, faça mais força para andar porque você é pesado.

- Pode ter certeza que eu faria se estivesse em melhores condições, senador. - ambos ficaram um tempo calados até chegarem ao carro - Como está o pessoal da fábrica?

- Da fábrica? - Gaius ficou pensando em como daria aquela informação. Preferiu não enrolar e contar de uma vez - Ocorreu um ataque da Elite de Caça. Eu estava lá... Edd, quero que saiba que muita coisa mudou desde que você ficou preso ali. A Elite caiu, o governo está mudando para melhor. A perseguição acabou, mas... a maioria das pessoas que se abrigavam na fábrica Halley foram mortas.

- O quê? Não, não, não - o super ficou transtornado - Preciso voltar pra lá agora... A Profeta...

- Não há mais nada lá! Fique calmo, vamos até minha casa e depois pense no que irá fazer. Você está muito fraco e...

- Não posso! - Se desvenciliou de Gaius - Nos vemos depois, senador.

Luz da Manhã saltou e levantou vôo como um foguete. Uma onda de poeira subiu pelos ares. Gaius ficou ali, sozinho, encostado em seu carro observando o super sumir no céu laranja do fim de tarde.

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