Demônios interiores

Amanheceu, Laura abre as portas do quarto e segue até as janelas, abrindo as cortinas deixando a luz natural entrar, ao se virar na direção da cama nota que ela ainda está arrumada, ela estranha, principalmente pelo fato de Alice ter chegado tarde na madrugada, a Governanta então checa primeiro no banheiro, não encontrando a garota ela segue para o Closet, se espanta ao ver ela sentada no chão com as costas encostadas na ilha onde suas joias e acessórios estão guardados, ela está com os cabelos bagunçados, com o vestido rasgado e descalça, aparentemente ainda não tinha dormido desde que chegou -Dona Alice, o que aconteceu com a Senhorita? Laura corre e se põe de joelhos para ficar na altura da garota -Eu sou a pior e mais inútil pessoa que existe no mundo Alice possui uma feição vaga e seus olhos estão inchados de tanto chorar -Mas é claro que não Dona Alice, você é a melhor pessoa que eu conheço, ajudou aqueles Superhumanos que não tinham lar, sempre dava um jeito de doar dinheiro para causas nobres, e é a melhor patroa que eu já tive Alice volta seu olhar para Laura que está com um sorriso de piedade no rosto, a garota fica com uma expressão de tristeza

-Você só fala isso porque é paga para me obedecer, não conta Laura põe sua mão direita no obro esquerdo de Alice -A Senhorita precisa de um banho e precisa dormir, venha eu a ajudo Alice empurra a mão de Laura e vira o rosto -Eu quero ficar sozinha, me deixe e vá fazer o seu trabalho Os olhos de Laura se enchem de lágrimas por pena, ela então se levanta e sai do Closet, Alice então se levanta e olha ao seu redor Todo esse luxo, essas roupas, essas joias, de que me adiantam se eu sempre dou um jeito de foder com tudo e afastar aqueles que gosto, eu sou uma trouxa, escolhi acreditar no terrorista sanguinário acima daqueles que queriam me ajudar Ela então sobe a escada que leva ao segundo andar do Closet e passa a mão em algumas bolsas E pra foder de vez eu ainda me neguei a ajudar o Zak, se algo acontecer a ele eu não serei capaz de me perdoar

Alice começa a chorar soluçando, ao ponto de sentir falta de ar, ela então segura a cerca do segundo andar com a mão direita, colocando a esquerda no peito e ficando de cócoras, ela abaixa a cabeça, a garota fica assim por mais meia hora, é quando ela respira fundo e se levanta secando as lágrimas, ela desce a escadaria e segue até o seu quarto abrindo as gavetas dos criados mudos e as desarrumando, então as portas de seu quarto são abertas com violência, como se alguém estivesse com pressa -Alice, graças a Deus você está bem, ainda bem que não tentou nada É a voz de Cecília Williams, sua mãe, Alice então vira-se surpresa, a mulher de sessenta anos, cabelos platinados, pele clara, olhos azuis, ela está vestindo uma blusa de lã cinza de gola V e mangas compridas, uma saia lápis preta até os joelhos, um par de scarpins pretos de bico fino e saltos finos de oito centímetros, seu cabelo está cortado curto, liso e bem arrumado, não está usando maquiagem nem outra joia que não fossem suas alianças, a de noivado e de casamento, está usando um par de óculos de grau bancos com os braços pretos

Cecília e Alice se abraçam, Alice volta a chorar -Alice, o que aconteceu, alguém te fez mal? John Edward Williams, seu pai, entra em seguida, um homem alto, de sessenta e dois anos, de cabelos tingidos de castanho escuro, olhos azuis e pele clara, está vestindo uma blusa social branca de mangas compridas, uma calça social cinza, presa por um cinto de couro preto, um par de sapatos sociais bem engraxados pretos, está usando sua aliança de casamento, Laura chega em seguida, mas somente para fechar as portas e deixá-los ter um tempo em família, Cecília leva Alice até um sofá que está na frente de sua cama, John se aproxima mas continua de pé -Você precisa conversar com a gente meu amor, somente poderemos te ajudar deste jeito Cecília retira seus óculos e os segura com sua mão direita -Eu não quero conversar sobre nada mãe, só quero passar um tempo sozinha, será que é pedir muito? Ela se levanta e caminha até a janela -Alice por favor, se você acha que eu e sua mãe vamos cometer o mesmo erro que cometemos há dez anos atrás? John parece preocupado e os olhos de Cecília se enchem de lágrimas ao se lembrar




Vida: 27/27
Energia: 7/7

A mesa do café da manhã estava posta Alice sai de seu quarto e caminha até o andar de baixo, chegando na Sala de Jantar, notando que Anne não estava na mesa, sua irmã mais velha não costumava perder as refeições em família e já estava estranha fazia uma semana -Bom dia, bom dia, a Anne ainda não desceu Alice senta-se e toma seu café e depois se levanta, seguindo até o quarto de sua irmã, chegando lá ela dá a batida combinada entre as duas desde a infância -E aí Nana, como você está? Anne está deitada em sua cama virada na direção contrária a porta -Vamos, de hoje não passa, tem uma semana que você quase não sai do quarto há uma semana, não fala direito com ninguém, essa não é a Anne que eu conheço Alice segue até a cama, deita-se, se cobre e abraça sua irmã por trás, Anne começa a chorar e se vira para Alice, as duas dão as mãos

-Você lembra da festa na casa do Emmett semana passada, eu fui drogada e estuprada Alice arregala os olhos e se senta na cama, seu olhos estão cheios de lágrimas -Quem foi o filho da puta? Anne senta-se e põe a mão esquerda na boca de Alice, tentando calar sua irmã -Shh, eu não sei, estava escuro e eu ouvi muitas vozes, mas me prometa não contar para nossos pais, você já pensou na reação deles, principalmente o papai que se importa tanto com a reputação da família Alice segura a mão de Anne -Você precisa denunciar isso, deveria ter denunciado logo, agora eu acho que não dá mais pra fazer corpo de delito Anne aperta a mão de Alice -Me prometa Lili, me prometa que não dirá uma palavra sobre isso com nossos pais Alice respira fundo e abaixa a cabeça

-Tudo bem, não contarei nada, mas só se você me prometer que vai buscar tratamento para melhorar e não deixar que a mamãe e o papai descubram Elas se abraçam, após algum tempo se soltam e levantam da cama -Obrigada Lili, você é a melhor irmã que alguém poderia ter, eu te amo muito e muito mesmo, não se esqueça nunca disto Alice sorri -Nana, você sabe que eu te amo, só não gosto quando você não deixa eu pegar aquele seu colar de diamantes emprestado Anne revira os olhos e volta a abraçar Alice -Pode ficar com ele, pode escolher qualquer outra coisa minha que quiser, apenas não esqueça que eu te amo e você não tem culpa de nada Uma lágrima escorre pela bochecha esquerda de Anne

-você está estranha de mais Nana, tem mais alguma coisa que queira me contar? Elas se soltam, Anne seca a lágrima em seu rosto e força um sorriso -Não tem nada de estranho bobinha, vá se arrumar, vamos fazer umas compras Anne vai até seu Closet e pega o colar de diamantes que Alice havia mencionado, volta para o quarto e o entrega a ela -Aqui, eu quero que use ele Alice estranha, mas o pega e abre um sorriso, ela abraça Anne e a agradece seguindo para seu quarto, chegando lá ele segue até o banheiro e toma uma ducha refrescante, após isso ela escolhe um vestido curto preto, um par de Louboutins pretos, após se vestir ela faz uma maquiagem leve e natural, passando uma escova em seu cabelo, ela então põe o colar de diamantes fino de Anne, um par de brincos de diamantes, uma pulseira fina de diamantes em seu pulso esquerdo e um anel de diamante em seu dedo médio esquerdo, ela dá uma última checada em seu visual Ser filha de um bilionário egocêntrico até que tem seus benefícios

Alice sorri, se levanta e segue até o quarto de Anne, ao procurá-la não a encontra, chama seu nome duas vezes, ao não ter resposta ela procura pelo corredor, encontrando sua mãe pelo caminho -Onde a Senhorita acha que vai vestida deste jeito? Cecília questiona após observar o look de Alice -Mamãe, eu já tenho dezenove anos, não sou mais nenhuma garotinha, eu e a Nana vamos fazer compras, aliás você a viu? Cecília solta uma risada -Eu sei, só estava brincando, era o que sua vó costumava dizer cada vez que eu usava uma mini saia, quanto a Anne, vi ela indo até o Escritório de seu pai Alice sorri e agradece sua mãe, seguindo a caminho do Escritório, chegando lá nota que as portas estão trancadas, ela bate na porta -Nana, está aí, estou pronta, vamos? Alice ouve Anne gritar "Eu te amo muito Lili" seguido de um som muito alto, parecido com um tiro -NANA, O QUE ACONTECEU, VOCÊ ESTÁ BEM... RESPONDE NANA! Alice grita enquanto tenta forçar a porta

Alice corre chamando por seus pais -O que foi Alice, por que tanta gritaria? John pergunta ao se encontrar com sua filha, Cecília chega em seguida -Aconteceu alguma coisa com a Anne, ela se trancou no Escritório e eu ouvi um som de tiro lá de dentro John se assusta e corre na direção do Escritório -Tem certeza Alice, será que não foi outra coisa? Cecília questiona Alice enquanto ambas correm atrás de John, chegando lá o bilionário tentava forçar a porta chamando o nome de sua filha, sem resposta, ele então pede que se afastem e arromba a porta, a cena que encontram é a  pior possível, o corpo sem vida de Anne estava deitado no chão, a garota de apenas vinte e um anos havia dado um tiro na própria cabeça com a arma que seu pai havia escondido na gaveta de sua mesa, havia sangue respingado pelas paredes no sentido do tiro e uma poça de sangue envolvia a garota -ANNE, NÃO! Cecília corre até a garota abraçando seu corpo sem vida, John corre a abraça sua esposa, tentando afastá-la do sofrimento, Alice está parada na porta com os olhos cheios de lágrimas e balança sua cabeça negativamente, tentando negar toda a situação


Vida: 27/27
Energia: 7/7

Algumas semanas após a visita se seus pais Alice estava em sua Sala de Visitas sentada no sofá principal esperando Beatrice, a Psicóloga que conseguiu para atendê-la a domicílio, Alice está vestindo um vestido turquesa claro justo até os joelhos tomara que caia com babado até abaixo dos peitos, um sobretudo de pelos sintéticos, com a mistura das cores bege claro, turquesa claro e bege médio, até os joelhos e de mangas compridas, está calçando Louboutins envernizados na cor bege, de bico fino e saltos finos de nove centímetros, sua maquiagem está natural e seu cabelo está preso em um rabo de cavalo bem arrumado, ela usa um par de brincos de prata e diamantes e um anel de prata e diamantes em seu dedo médio esquerdo -Dona Alice, Beatrice acabou de chegar Alice sorri e permite que a Psicóloga entre

A Psicóloga entra e senta-se na poltrona colocada a frente do sofá em que Alice estava sentada, Beatrice é uma mulher de pele negra que aparenta estar no início de sua terceira década de vida, está usando um vestido branco justo até os joelhos, sem decote e com mangas até os cotovelos, um blazer branco sob medida com mangas compridas, está calçando um par de sandálias pretas de saltos de grossura média de oito centímetros, seu cabelo preto encaracolado está preso em um coque baixo, sua maquiagem é leve, está usando brincos de prata com pedras de cor caramelo e um anel de prata em seu dedo indicador direito, ela carrega uma bolsa de couro média preta e uma pasta com os prontuários de sua paciente, uma caderneta e uma caneta -Bom dia Alice, como está se sentindo hoje? Ela pega a caneta e abre a caderneta, após isso ela volta seu olhar para Alice

-Estou bem melhor, mas ainda não é bom o suficiente, depois do meu último surto me pego pensando na Nana, ainda me sinto muito culpada pela morte dela Beatrice anota algo em sua caderneta e lança um olhar compreensivo para Alice -Alice, sei que é difícil, mas tem que entender que a culpa não sua, sua irmã já tinha se convencido a fazer o que fez Alice revira os olhos -Mas é claro que eu conseguiria, eu não deveria ter deixado ela sozinha, fui muito burra em não desconfiar quando ela me emprestou o colar de diamantes sem nenhuma discussão Beatrice balança a cabeça negativamente -Alice, você nunca tinha tido contato com alguém que estivesse sofrendo de alguma doença mental, não tinha como saber identificar os sinais que ela dava, você ainda tentou ajudar ela, fez o que estava a seu alcance no momento, que foi aconselhá-la a buscar ajuda profissional, não carregue esse peso com você, não faz bem A consulta continua por mais cinquenta e cinco minutos

-Temo que nosso tempo acabou, mesa hora semana que vem? Ambas se levantam e trocam um aperto de mãos -Lembre-se, não se culpe pelo que passou, acredito que nem mesmo um Superhumano seja capaz de mudar o passado, foque no futuro, saia, faça compras com suas amigas, pelo que pude notar você tenta preencher o vazio que sua irmã deixou com o materialismo, apenas não deixe que isso seja o que mova sua vida Alice sorri e promete obedecer a Psicóloga, a acompanhando até a porta, após isso ela pega seu celular e manda uma mensagem de voz no grupo onde estão Beca e Grace -Meninas, vocês tem algum compromisso hoje, que tal se a gente dar uma passadinha nas lojas de grife e depois dar uma passadinha naquele nosso café preferido? Segundos após Alice mandar a mensagem suas amigas lhe respondem confirmando e avisando em quanto tempo ficariam prontas

Psicóloga Beatrice:

Vida: 30/30
Energia: 8/8